Under the Dome, Stephen King (Hodder)

Opinião do livro A Cúpula, de Stephen King, no blogue Clube de Leituras
    [em português “A Cúpula”, editado em dois livros pela Bertrand Editoria]

    Continuando a saga dos livros em inglês, atrevi-me a ler este romance de ficção científica de quase 900 páginas do autor Stephen King. Foi a minha estreia com um escritor que sempre considerei escrever coisas demasiado negras e tenebrosas. A curiosidade pelo livro surgiu na sequência de assistir à série com o mesmo nome, da qual tanto o autor como o Steven Spielberg eram produtores executivos (a série foi cancelada ao fim de três temporadas). Gostei bastante da série, mais do livro – como é habitual e só não acontece em muito raras exceções - mas, como o próprio autor comenta num comunicado, série e romance devem ser considerados como realidades paralelas. A verdade é que, excetuando uma ou outra personagem semelhante, a história, e o seu desenrolar, são completamente distintos.
    O autor já tinha tentado escrever este livro muitos anos antes da versão definitiva que saiu em 2009, numa tentativa de explorar o que acontece quando uma parcela da população fica isolada do resto do mundo. Essa parcela é a população de Chester's Mill, na América. Subitamente, sem qualquer aviso prévio ou mesmo qualquer indício disso, as fronteiras da cidade ficam bloqueadas por uma estrutura invisível, semelhante ao vidro mas inquebrável, que deixa passar o som mas apenas uma infima porção de partículas, incluindo a água e o ar. A perceção da existência desta barreira vem na sequência de uma série de desastres mortais de aviões e carros contra aquilo que passa a ser chamado de "Dome" ("Cúpula").
    O livro passa-se numa semana e, entanto, parece desenrolar-se por uma eternidade. De vez em quando, o autor relembra-nos subtilmente que ainda só passaram dois, três, quatro dias, como que para não deixar que nos percamos no tempo. A verdade é que as coisas se precipitam de tal forma, e existem tantos personagens com tantas histórias próprias - e que não deixam de ser exploradas - que parece impossível que tanta coisa possa acontecer em tão pouco tempo.
 
    «Living under the Dome intensified everything. Already it seemed  to Linda that she had been under it not for days but years. The outside world was fading like a dream when you woke up.»
   (Viver debaixo da Cúpula intensificava tudo. Já parecia a Linda que se encontravam sob ela não há dias mas anos. O mundo exterior-se desvanecia-se como um sonho, ao acordar.)

    Linda Everet é apenas uma das persoagens com as quais convivemos neste romance, mais uma presença nesta vila à qual sentimos nós mesmo pertencer. A ela juntam-se o seu marido Rusty Everet e as filhas de ambos, as Js, bem como Dale Barbara (Barbara), Julia Shumway, Big Jim Rennie, Junior, Sammy e o seu filho Little Walter, Ginny, Gina, Joe, Benny e tantos outros que esta lista ainda ia ocupar umas boas linhas!
    A história é riquíssima, cheia de detalhes, os personagens estão muito bem construídos e caracterizados. Adorei o livro e fiquei feliz com o vazio que senti ao fechá-lo a última vez e com as saudades que senti dos meus companheiros de mais de um mês.

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